Deve-se identificar o quanto antes os sinais do TDAH, para que o diagnóstico e tratamento seja feito o mais precoce possível. Por isso, neste artigo iremos de mostrar quais são os 3 sinais de TDAH que merecem atenção.
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foi primeiramente registrado, não com essas palavras, pelo pediatra inglês George Still em 1902, após conduzir experimentos que identificou em diversas crianças uma intensa incapacidade de manter a atenção durante atividades comuns, além da inquietude e dos comportamentos impulsivos.
Desde então o tema tem sido cada vez mais estudado e abordado por especialistas de diversas áreas, que buscam não apenas compreender o transtorno, como organizar tratamentos e desenvolver processos educativos envolvendo o assunto, uma vez que existe muita desinformação na área.
Em todos os portadores de TDAH, entre muitas de suas características, é sempre a mais latente: a dificuldade em manter relações interpessoais, considerando que os não portadores da condição os vêem como pessoas mal educadas, inaptas para a vida em sociedade, muitas vezes não os compreendendo e não entendendo essa característica como um problema.
E essa dificuldade nos relacionamentos com outras pessoas vêm dos diversos sintomas e características muito presentes nos portadores da condição, que os levam a ter atitudes muitas vezes desaprovadas pelos demais integrantes do seu círculo social.
Então hoje eu organizei este material com bastante calma e atenção, tratando de três sintomas muito comuns do TDAH, para que assim você conheça mais sobre o tema.
Coloquei ainda algumas indicações sobre como é feito o diagnóstico, e quais as opções de tratamento da condição, de maneira que você possa entender corretamente a condição, ajudando a travar o preconceito e a desinformação que existe na área, já que eles tornam o diagnóstico ainda mais complexo.
Por isso, busque um local confortável, dê uma respirada para te acalmar e trazer atenção, e leia as informações que irei te passar aqui sobre o TDAH, aumentando o seu conhecimento sobre a condição.
O que é TDAH?
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD.
As causas da condição não estão muito esclarecidas, mas acredita-se que existam fatores genéticos, que transmitem a condição entre alguns familiares, além de outros tipos de fatores, como ambientais e biológicos, como por exemplo, o uso de álcool e drogas na gestação, a prematuridade, etc.
O TDAH é o transtorno mais comum em crianças e adolescentes encaminhados para serviços especializados. Ocorre em 3 a 5% das crianças, em várias regiões diferentes do mundo em que já foi pesquisado. Em mais da metade dos casos o transtorno acompanha o indivíduo na vida adulta, embora os sintomas de inquietude sejam mais brandos.
3 sinais de TDAH que merecem atenção
Embora existam muitos sintomas que exijam a atenção na hora de realizar um correto diagnóstico do TDAH, trazemos aqui três os 3 sinais de TDAH que merecem atenção, pois quando se manifestam, combinados ou de maneira independente, podem ser um importante sinal da condição.
1. Atitudes impulsivas
Os portadores de TDAH possuem muita dificuldade de concentração, e isso impede o raciocínio deles, em diversos tipos de situações, mesmo as mais simples.
Por causa disto, muitos deles tomam atitudes impulsivas, sem pensar antes, em diversos momentos do dia, com ações que parecem muito questionáveis para quem não possui a condição.
Pode ser uma ação simples, como responder alguém com falta de educação, ou mesmo ações que parecem descontrole, como jogar coisas, não querer fazer algo, e assim por diante.
É importante que se perceba que isso não é “falta de educação”, como muitos pregam por aí!
O portador de TDAH tem ações impulsivas pois possui uma espécie de deficiência neurológica, que o impede de tomar decisões em relação a esses tipos de comportamentos.
Então ele não vê que disse ou fez algo impensado até que a ação esteja concretizada, e ele passa a perceber a reação das pessoas ao seu redor.
Este é um sintoma que requer muita atenção, pois muitas vezes se identifica o portador de TDAH como uma pessoa mal educada ou “sem filtro”, e isto compromete a desconfiança dos pais, considerando que ao identificar o sintoma, já se pode buscar por uma avaliação e diagnóstico, para assim iniciar os tratamentos caso o TDAH seja confirmado.
2. Falta de atenção
A falta de atenção é um dos sintomas mais comuns dos portadores de TDAH, já que ela se manifesta o tempo todo, principalmente quando o momento ou atividade que deve ser realizada não é de interesse do portador. É o sintoma que mais se relaciona a pior performance acadêmica e exige atenção.
Este sintoma é muito recorrente, principalmente na escola, quando a criança se vê em um local com regras muito rígidas de atitudes e comportamentos, que para ele não fazem o menor sentido.
A atenção dele se perde quando a atividade escolar é repetitiva e monótona, ou quando ele não vê sentido ou fundamento na atividade proposta pelo educador.
É muito comum em explicações verbais, momentos de leitura, atividades repetitivas, dentre outras. Neste momento, é comum ver o portador de TDAH perdido em seus pensamentos, ou mesmo fazendo outras atividades, nada relacionadas com o que foi pedido.
E como a formação pedagógica dos professores não capta essas dificuldades ,os pais são essenciais na busca por um diagnóstico, buscando analisar e compreender porque o aluno não fez a atividade na sala, porque chamaram a atenção dele, porque ele levou uma advertência, e assim por diante.
Por isso fique atento ao que os professores falam a respeito do comportamento do seu filho em sala de aula, para que assim tenha base na hora de decidir buscar um diagnóstico para a condição, se esta for a suspeita.
3. Inquietação
A inquietação é a incapacidade de ficar parado, ou esperando, sem fazer algo interessante, e assim por diante.
É muito comum nos portadores de TDAH, pois mesmo que eles não gostem de desempenhar funções repetitivas, eles são exploradores natos, atraídos por coisas e situações inovadoras.
Por exemplo: o relato de uma professora que possui um aluno com TDAH, com quem ela trabalha faz mais ou menos 3 anos. Quando as aulas consistem em copiar, responder perguntas, aguardar a explicação, este aluno fica extremamente inquieto em sala, resiste em realizar as cópias necessárias e as atividades propostas, buscando a todo custo ir para fora da sala, ou mesmo mexer em seu aparelho de celular.
Porém, quando a aula possui o uso de imagens projetadas, vídeos, mesmo que acompanhadas por explicação oral, ela percebe que este aluno fica mais calmo e atento. Ele até mesmo interage com o que sabe, questiona, e observa atentamente cada imagem transmitida.
A inquietação é fruto do ambiente em que o portador de TDAH está inserido. Se o ambiente aparentar ser desinteressante para ele, suas atitudes são cada vez mais desconfortáveis, pois ele quer a todo custo fazer algo interessante ou sair daquele lugar que ele considera tedioso.
E de novo, como a inquietação é muito mais comum na escola, é importante que os pais analisem este tipo de comportamento, que ajuda a decidir por buscar apoio profissional.
Sintomas em diferentes fases da vida
Infância
A criança demonstra neste período, que compreende a pré-escola e o ensino fundamental, algumas das características mais famosas em quem é diagnosticado com TDAH: agitação excessiva e impulsividade;
Adolescência
Os adolescentes manifestam dificuldades de organizar suas tarefas. A agitação tende a diminuir, mas a concentração diminui (em leituras, por exemplo); baixa autoestima e problemas para conter impulsos também podem ser notados. Após os 15 anos, o jovem corre o risco de se envolver mais em brigas e abusar de álcool e drogas;
Adultos
Quando a pessoa chega a esta fase (e não recebeu o devido tratamento) ela tende a demonstrar insubordinação no ambiente de trabalho, dificuldade de organizar os compromissos, impulsividade em todos os aspectos da vida (profissional, social e afetivo); autoestima baixa, dependência de drogas, direção perigosa, acidentes de trânsito com frequência, entre outros.
Como é feito o Diagnóstico?
O diagnóstico de TDAH é clínico, envolve diversas etapas e locais, sendo que a primeira análise pode ser feita por Psicólogos ou Psicopedagogos, que geralmente atuam nas Escolas de todo país, acompanhando alunos com diversas necessidades especiais.
O primeiro passo é a aplicação de um questionário, conhecido como SNAP-IV, composto de 18 questões, avaliadas em quatro itens básicos:
Nem um pouco.
Só um pouco.
Bastante.
Demais.
As perguntas envolvem verificar o quanto os sintomas do paciente são latentes, avaliando se lhe falta atenção, se existe dificuldade de organizar coisas, o quanto ele é inquieto, e assim por diante.
Dependendo do resultado deste questionário, o paciente é encaminhado a profissionais especialistas na área, como Neuropediatras, Psiquiatras e Neurologistas.
A partir de um desses profissionais, novas análises serão feitas, bem como exames clínicos e neurológicos, a fim de determinar o diagnóstico de TDAH, e outros se houverem.
Além disso, o TDAH subdivide-se em subtipos:
– TDAH do tipo hiperativo;
– TDAH do tipo desatento;
– TDAH combinado.
– Hiperativo: tendência ao vício (jogos, álcool, drogas), temperamento explosivo, aparente imaturidade, inquietude, não consegue ficar parado;
– Desatento: distração com o próprio pensamento, esquecimento das tarefas que devem ser feitas, esquecimento do que deveria falar, baixa concentração, desinteresse, perda de objetos com facilidade;
– Combinado: a soma do hiperativo com o desatento.
Comorbidades do TDAH
As comorbidades são as outras patologias ou transtornos que podem acompanhar o TDAH, sendo alguns deles:
-Dislexia;
-Distúrbio de Leitura e Escrita;
-Transtorno de ansiedade;
-Transtorno de conduta;
-Transtorno opositor desafiador (TOD);
-Depressão
-Transtorno afetivo bipolar;
-Tiques;
-Distúrbios do sono.
Como funciona o tratamento?
Depois do diagnóstico feito por profissionais especializados na área, é hora de iniciar o tratamento da condição, de maneira que o portador do TDAH possa se desenvolver, tendo assim um bom relacionamento com as pessoas e seguindo a viver sua vida.
Ainda não existe uma cura para a condição, porém os tratamentos disponíveis, quando realizados cedo, ajudam para que o paciente chegue à vida adulta bem mais capaz de compreender e participar da vida em sociedade.
Existem dois tipos de tratamentos básicos, que podem ser utilizados individualizados ou conjuntamente, de acordo com a avaliação do médico especialista.
Medicamentoso: utilizado para inibir vários sintomas, como a impulsividade e a falta de atenção. Os medicamentos ajudam o paciente a melhorar nas relações interpessoais e no desenvolvimento de suas capacidades, levando-o a adquirir e praticar uma profissão tranquilamente. Os tipos de medicamentos utilizados geralmente são Psicoestimulantes, Antidepressivos ou Antipsicóticos, e a escolha e posologia deles é feita pelo médico especialista na área, de acordo com os sintomas do paciente.
Terapia Cognitivo-comportamental : realizada geralmente por psicólogos, que trabalham com o paciente para ajudá-lo a desenvolver novos hábitos de comportamento, aprendendo a identificar situações e controlar seus impulsos. Na infância e adolescência é fundamental que a psicoterapia envolva também os familiares, havendo aconselhamento/treinamento parental. Em muitos casos, é necessário a associação do tratamento medicamentoso, mas a avaliação médica especializada é fundamental para a programação terapêutica.
Lembrando que todo processo de diagnosticar e tratar deve ser feito por especialistas no assunto. O TDAH é uma condição de saúde séria, e não deve ser levada adiante por achismos e receitas mágicas.
Por isso, sempre busque um profissional adequado quando tiver a suspeita da condição!
Quando não diagnosticado e tratado adequadamente:
Quando não diagnosticado e tratado adequadamente, outros sintomas e comorbidades podem aparecer, sendo alguns listados abaixo:
Baixa autoestima, principalmente na adolescência.
Abuso de álcool e drogas, que pode iniciar-se na adolescência e persistir na vida adulta, relacionando-se ,mais ao diagnóstico e tratamento tardios.
Envolvimento excessivo em brigas.
Quando adulto, comportamento envolvendo direção perigosa e diversos acidentes de trânsito.
Se esquecer constantemente de realizar suas tarefas, mesmo as mais básicas.
Outros tipos de vícios, como jogos de azar ou mesmo jogos tecnológicos.
Conclusão: Atente-se aos sintomas e busque um rápido diagnóstico!
Para que assim o tratamento e acompanhamento do paciente com o TDAH possa ser iniciado imediatamente, ajudando-o a desenvolver suas capacidades, que são muitas, apesar dos vários sintomas que apresenta.
No exemplo anterior, da professora que descrevia seu aluno, o correto diagnóstico e tratamento do mesmo revelou um profissional que atualmente é excelente com tecnologia, sendo capaz de decifrar códigos, mexer em diversos tipos de aplicativos para smartphones e computadores, tendo até mesmo já desenvolvido um aplicativo sozinho, utilizando apenas os conhecimentos adquiridos pela internet.
O portador de TDAH possui muitas capacidades, só precisa de apoio profissional e compreensão para se desenvolver.
Então, se você desconfia que alguém tem esta condição, sugiro que faça o possível para que ela encontre o diagnóstico preciso, de maneira que possa receber o acompanhamento adequado.
Lembre-se: o TDAH é uma condição de saúde, não um problema de comportamento e falta de educação!
É preciso conhecer para entender. Por isso, aproveite que você chegou ao final deste material e ajude os portadores de TDAH a terem sua condição reconhecida, para que assim eles possam se desenvolver e ter a chance de viver plenamente suas vidas!
Dra. Andrea Weinmann é Neuropediatra e Neurofisiologista. Atualmente, atende como Neuropediatra no Centro Neurológico Weinmann, no Hospital Estadual Rosa Pedrossian (HRMS), na Santa Casa e na Maternidade Cândido Mariano.
Dra. Andrea Weinmann possui Títulos de Pediatra e Neuropediatra pela Associação Médica Brasileira (AMB). É preceptora das Residências de Pediatria da Santa Casa de Campo Grande, do Hospital Regional de Campo Grande, da Santa Casa e do Hospital Universitário (UFMS).
Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), em 1999. Realizou sua Residência em Pediatria e depois em Neuropediatria pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (USP). Na mesma Instituição, fez sua Residência em Neurofisiologia Clínica, especializando-se em Eletroencefalografia. Tem Mestrado em Neurologia pela USP de Ribeirão Preto.
Dra. Andrea Weinmann participa de diversos eventos científicos na área de Neurologia Infantil e Neurofisiologia Clínica.
Dra. Andrea Weinmann
CRM 4661
RQE Pediatria – 2694
RQE Neuropediatria – 2695
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