Postado em 5 de dezembro de 2017 no Autismo, Desenvolvimento Infantil, Neurodesenvolvimento, Neuropediatria

Transtorno do Espectro Autista (TEA) ainda é um mistério para a medicina

Ainda não há nenhum exame que possa diagnosticar o Transtorno do Espectro Autista (TEA). Suas causas ainda estão em constante investigação, embora nos últimos anos as pesquisas tenham avançado para elucidar alguns fatores de risco, como alterações cromossômicas, doenças genéticas, exposição a produtos químicos durante a gravidez, parto prematuro e idade avançada do pai.

Segundo Dra. Andrea Weinmann, neuropediatra do Centro Neurológico Weinmann, a divulgação cada vez mais frequente sobre os sinais e sintomas do TEA tem ajudado a aumentar os diagnósticos em crianças menores. Hoje, segundo dados do CDC (Centers for Diseases control and Prevention), 1 em cada 68 crianças é identificada com TEA, mostrando assim que não é uma condição tão rara quanto se pensava há alguns anos.

O TEA é um distúrbio do neurodesenvolvimento que pode levar a significante prejuízos nas áreas social, da comunicação e do comportamento. A palavra espectro, usada no autismo, é útil para mostrar que a condição afeta cada criança de uma maneira, com sinais e sintomas variados, em diferentes níveis de gravidade.

“Entretanto, em todos os casos de TEA há o que chamamos de “díade do autismo”. O que é isso? São os sintomas que afetam a comunicação social e o os sintomas relacionados aos comportamentos repetitivos ou restritos, que precisam estar presentes para confirmar o diagnóstico, explica Dra. Andrea.

Comunicação Social é afetada
Um dos principais sinais do autismo é o atraso na fala. “Normalmente, o atraso (ou a regressão) na aquisição da fala é o que faz os pais procurarem um especialista. Entretanto, é só um indício e pode estar relacionado a outras condições. O autismo afeta a interação social, portanto, são crianças com dificuldade em fazer amizades e interagir com outras pessoas.

Apesar da fala ser importante, já é possível perceber os sinais do autismo precocemente. “Os pais precisam prestar atenção também na linguagem não verbal, sendo o choro um ótimo exemplo. Bebês muito silenciosos, que ficam quietos no berço, no carrinho, sem necessitarem do colo, por exemplo, precisam ser avaliados. Outro exemplo é a habilidade de abanar a mão, que surge entre os oito ou nove meses, como se fosse um tchau. Bebês com o autismo podem não desenvolver essa habilidade”, comenta Dra. Andrea.

Comportamentos repetitivos e restritos
Alguns sinais e sintomas são importantes para suspeição diagnóstica, por exemplo, os movimentos estereotipados ou simplesmente estereotipias, que frequentemente ocorrem. É quando a criança bate os pés, ou agita as mãos (“flapping”), fica rodando em torno de si, ou girando objetos, emite sons repetitivos, etc. Outro sinal é quando a criança fica horas brincando do mesmo jeito, repetindo a mesma brincadeira durante um longo período.

Diagnóstico precoce é fundamental
O neuropediatra é o médico especialista no diagnóstico e seguimento do TEA. Quando há três déficits na comunicação social e pelo menos dois no comportamento repetitivos e restritos é confirmado o diagnóstico, em crianças a partir dos três anos de idade. “Embora haja essa idade para o diagnóstico, vale lembrar que os sinais do TEA estão presentes desde o nascimento e quanto antes os pais procurarem ajuda, melhor será o desenvolvimento da criança”

Isso porque nos dois primeiros anos, o cérebro infantil apresenta uma intensa neuroplasticidade, ou seja, capacidade de fazer novas conexões para aprender ou desenvolver novas habilidades. Se há desconfiança de algum atraso, precisamos aproveitar essa “janela de oportunidade”, mesmo que depois, aos três anos, o autismo seja descartado”, comenta Dra. Andrea.

Mas, a médica alerta: em alguns casos, o desenvolvimento pode ser normal e, de repente, a criança começa a apresentar regressão. “Pode acontecer da criança falar e de uma hora para outra parar. Além disso, em casos mais leves, os sintomas podem ficar mais evidentes quando a criança vai para a escola e precisa usar suas habilidades emocionais e sociais, por exemplo.

“Os pais precisam conhecer bem os marcos do desenvolvimento infantil, ou seja, o que é esperado para cada fase da infância. Com isso, será mais fácil notar alguma alteração ou atraso e procurar um neuropediatra o quanto antes”, finaliza Dra. Andrea.


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