No próximo dia 23 de novembro é lembrado o Dia Nacional de Combate ao Câncer Infantil. Entre os tumores mais frequentes na infância e adolescência estão aqueles que atingem o Sistema Nervoso Central (SNC), que podem se desenvolver no cérebro ou na medula espinhal. De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os tumores sólidos do SNC correspondem a aproximadamente 25% das neoplasias em crianças abaixo de 15 anos.
Felizmente, graças aos avanços da medicina, aproximadamente 80% das crianças e adolescentes conseguem vencer a batalha contra o câncer, desde que diagnosticados e tratados precocemente. “Embora seja um assunto sensível, é importante abordá-lo para que os pais possam ser alertados de possíveis sinais ligados à doença”, comenta a neurologista infantil, Dra. Andrea Weinmann, do Centro Neurológico Weinmann.
Alerta máximo para dores de cabeça sem causa
“Quando falamos de câncer do sistema nervoso central não é possível especificar os sintomas para cada tipo de tumor. Isso vai depender de uma série de fatores, como localização, tipo, idade da criança e desenvolvimento neurológico. Mas, sabemos, por exemplo, que em 85% dos casos há presença de dor de cabeça decorrente do aumento da pressão intracraniana”, explica Dra. Andrea.
Segundo o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, os sintomas quase sempre são decorrentes do crescimento do tumor, que pode infiltrar-se ou comprimir outras estruturas do sistema nervoso central. Além disso, podem ser secundários à obstrução do fluxo de líquidos e do aumento da pressão intracraniana. “A hipertensão intracraniana pode se instalar de repente e de forma silenciosa. A principal manifestação é a cefaleia constante, que pode surgir, em média, de quatro a seis meses antes do diagnóstico do câncer”, comenta. Outro ponto de atenção são as crises convulsivas, que podem atingir de 20 a 30% dos pacientes.
Dra. Andrea explica ainda que como o cérebro da criança está em desenvolvimento, principalmente antes dos três anos de idade, os sintomas podem ser diferentes daqueles que atingem o cérebro de um adulto. “Em geral, em crianças menores podem surgir irritação, choro, falta de apetite e vômitos. Já nos maiores, podemos perceber um pouco melhor mudanças de comportamento, atrasos ou problemas na fala, na marcha, mudança de humor, apatia, paralisia em uma parte do corpo, alterações na visão e na audição, por exemplo”.
Como é feito o tratamento?
De acordo com o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, a intervenção cirúrgica para retirada do tumor é o tratamento de escolha na maioria dos casos, salvo naqueles que, infelizmente, se tornam inoperáveis devido à localização. Além da cirurgia, o tratamento pode incluir radioterapia e/ou quimioterapia.
“Normalmente, o primeiro passo do tratamento do câncer que atinge o sistema nervoso central é a remoção cirúrgica. O procedimento pode ou não ser acompanhado de radioterapia. Esses procedimentos são efetivos para curar vários tipos de tumores, como os gliomas de baixo grau, meningiomas e astrocitomas cerebelares, por exemplo. Entretanto, para outros tipos de tumores a cirurgia é feita para redução do tamanho, tanto para aliviar os sintomas, como para diminuir a necessidade de radioterapia ou quimioterapia”, explica o neurocirurgião.
“De qualquer maneira, tumores do SNC inspiram muito cuidado, tanto no momento da cirurgia, quanto posteriormente, pois é possível o aparecimento de sequelas. Sendo assim, o acompanhamento do paciente é feito por várias especialidades, como o neurologista infantil, o oncologista, o neurocirurgião, entre outros”, diz Dr. Iuri.
Para os especialistas, o mais importante é que os pais possam ser alertados dos possíveis sintomas e procurar avaliação médica precocemente. Como todas as doenças, quanto antes forem feitos o diagnóstico e o tratamento, melhor será o prognóstico.
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