A cefaleia é um dos sintomas mais frequentes na infância e na adolescência. Um estudo conduzido no Brasil e publicado no jornal científico Neurology, mostrou que 7,9% das crianças brasileiras entre 5 e 12 anos têm enxaqueca. A pesquisa também revelou dados importantes sobre a relação da enxaqueca com o desempenho escolar.
O risco de ter dificuldade para prestar atenção nas aulas é 2,8 vezes maior nas crianças com cefaleia do que naquelas que não apresentam o sintoma. Já o risco de ter um desempenho ruim é, em média, 30% maior nas crianças e adolescentes com enxaqueca. O estudo, portanto, mostra que a cefaleia na infância e na adolescência tem um importante impacto na qualidade de vida e no desempenho escolar.
Enxaqueca, cefaleia ou migranea?
Segundo a neurologista infantil, Dra. Andrea Weinmann, sócia-diretora do Centro Neurológico Weinmann, na população pediátrica as formas mais prevalentes de cefaleia crônica são a migranea e as cefaleias do tipo tensional. “A cefaleia, popularmente conhecida como dor de cabeça, pode ser esporádica ou crônica. A primeira pode estar relacionada à falta de sono, uso excessivo de eletrônicos, má alimentação, quadros de sinusite ou de doenças respiratórias. Este tipo de cefaleia costuma ser autolimitada, ou seja, melhora assim que a causa primária é tratada ou resolvida”, explica.
Já a migranea é um tipo de cefaleia com características próprias, sendo um distúrbio que afeta o sistema nervoso central e está relacionada a fatores genéticos, psicológicos e anatômicos. A dor da migranea é pulsátil, ou seja, uma dor latejante. De acordo com Dra. Andrea, além da dor, a criança pode apresentar sensibilidade à luz (fotofobia), sensibilidade ao som (fonofobia), enjoo e vômitos. A duração da migranea pode ser de até 72 horas e pode ser precedida ou acompanhada pela aura, um evento neurológico que afeta a visão, levando ao embaçamento, presença de pontos luminosos ou ainda manchas escuras.
“A cefaleia tensional causa dor dos dois lados da cabeça. É mais comum doer a parte frontal da cabeça, mas pode afetar também o pescoço. É uma dor descrita como pressão ou aperto e não impede a criança de estudar ou brincar. Mas, dependendo da frequência, este tipo de dor de cabeça pode afetar a qualidade de vida da criança e da família”, diz Dra. Andrea.
Cefaleia secundária
Como a dor de cabeça é um sintoma que pode estar relacionado a uma ampla variedade de doenças, os médicos precisam descartar causas mais graves, como tumores ou meningite, por exemplo. Quando a dor de cabeça tem relação com essas patologias ela é chamada de cefaleia secundária e quando não tem é classificada como primária.
Como os pais podem perceber
“O grande desafio da cefaleia na infância é avaliar crianças menores, que ainda não falam ou que não conseguem comunicar corretamente a dor. Com isso, os pais podem achar que é birra ou manha. Nos bebês pode ser comum crises de vômito, choro incontrolável, palidez, transpiração excessiva, corpo mole, falta de apetite, perda de peso, entre outros. Crianças que já andam, podem preferir ambientes escuros e se incomodar com o som”, explica a médica.
De qualquer maneira, segundo Dra. Andrea, ao notar qualquer sintoma anormal na criança, os pais devem procurar um médico.
Tratamento
O tratamento é essencial para a melhora da qualidade de vida. Entretanto, os pais não devem automedicar a criança, pois estudos comprovaram que o excesso de analgésicos pode piorar os quadros de cefaleia. O ideal é fazer o acompanhamento com um neurologista infantil e seguir suas orientações, inclusive no que diz respeito ao uso de medicamentos.
“O tratamento medicamentoso é importante, porém os pais precisam eliminar ou minimizar os fatores de risco. A criança deve ter hábitos saudáveis, desde a alimentação regular e equilibrada, dormir bem, reduzir o uso de eletrônicos, assim como gerenciar o estresse e ansiedade”, finaliza a médica.
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