Insônia infantil afeta desempenho escolar e a saúde das crianças

Dizem por aí que a necessidade de sono na infância é maior do que na vida adulta. Entretanto, para uma boa parte das crianças, essa afirmação não se aplica, já que sono inadequado e insuficiente são condições frequentes na infância. A insônia na criança é uma das queixas mais comuns, e interfere no bem-estar de toda a família. Estima-se que insônia infantil atinge de 20 a 30% das crianças e é chamada de insônia comportamental da infância.

Segundo Dra. Andrea Weinmann, neuropediatra do Centro Neurológico Weinmann, a insônia em crianças pequenas se caracteriza pela dificuldade recorrente em iniciar ou manter o sono, muitas vezes com vários despertares noturnos. Pode também levar à dificuldade de reiniciar o sono e é uma queixa muito frequente dos pais. “A insônia da criança pode alterar a dinâmica familiar, causando prejuízos físicos e emocionais para a família, sem contar os danos que a falta de sono causa para o desenvolvimento infantil. Muitas vezes essas crianças acabam apresentando agitação, mau humor, irritabilidade e agressividade, e ainda problemas na aprendizagem”, comenta.

A neuropediatra explica que há dois tipos de insônia na infância: a insônia de associação e a insônia por dificuldades de respeitar os limites. “A primeira está ligada à dificuldade que a criança tem em dormir. Ocorre principalmente em crianças menores. É aquela criança que precisa andar de carro ou ser embalada no colo para pegar no sono, por exemplo. Os pais ficam exaustos e se sentem reféns da situação, ou seja, se não praticam esses rituais, a criança não dorme”.

“Já a insônia por dificuldades de imposição de limites, mais comum em crianças um pouco maiores, é aquela em que a criança faz de tudo para não dormir e não respeita as regras ou a rotina dada pelos pais. Pede água, diz que está com fome, com calor, com frio. Ela usa todas as estratégias que conhece para não obedecer aos pais e dormir”, explica Dra. Andrea.

Respeitar a higiene do sono é fundamental
Por outro lado, os pais podem ser responsáveis pela insônia da criança quando não respeitam a higiene do sono. “Não é recomendado dar doces ou bebidas estimulantes depois das seis da tarde. As atividades após esse horário devem ser mais calmas, como ler livros, contar histórias e tomar banho. A luz deve ser diminuída para ajudar na liberação da melatonina, que começa a ser produzida por volta das oito da noite, horário ideal para levar as crianças para a cama”, comenta a médica.

Quais são as consequências da falta de sono para as crianças?
De acordo com Dra. Andrea, são muitas. “Aumenta o risco da persistência da insônia na idade adulta e de desenvolver transtornos psiquiátricos na fase adulta, relacionando-se ainda a irritabilidade, agressividade, ansiedade, depressão, queda no desempenho escolar, problemas de comportamento e aumenta o risco de ter diabetes e obesidade. Além disso, pode interferir na produção do GH, o hormônio do crescimento, impactando na estatura e crescimento em geral. A atenção e a memória ficam prejudicadas, o que afeta o aprendizado. O sono é fundamental para a consolidação do que é aprendido durante o dia”.

Como resolver?
O ideal é procurar um neuropediatra que irá avaliar a criança para descartar causas orgânicas que possam causar a insônia. Na maioria dos casos, a insônia é gerada por problemas comportamentais e está relacionada à rotina familiar.

Higiene do Sono
Veja as dicas que podem ajudar a solucionar os problemas comportamentais e adequar a rotina da família para que a criança durma mais tranquilamente:

  • Horário: Escolha um horário para que a criança durma, de preferência entre 19h e 20h
  • Crie rituais: A criança precisa saber quais são as atividades que irá fazer antes de ir para a cama para ir se acostumando. Exemplo: tomar banho, escovar os dentes, vestir o pijama, ler uma história e dormir.
  • Escureça o ambiente: A casa precisa estar “desligada” para a criança entender que o dia acabou e é hora de dormir. Desligue as luzes, a TV, etc. Mesmo que seja aos poucos, até que ela adormeça e você possa retomar suas atividades.
  • Doces e estimulantes: O ideal é dar doces ou bebidas estimulantes no máximo até umas 16h. Depois, invista em alimentos ricos em triptofano, um aminoácido que ajuda a sintetizar a serotonina, neurotransmissor envolvido na indução do sono.
  • Diga não aos eletrônicos: Pode não ser fácil, mas é preciso. Celulares, TV ou tablets não devem ser usados na hora de dormir. O ideal é proibir o uso pelo menos duas horas antes de dormir, pois a luz emitida por esses aparelhos estimula a atividade cerebral.
  • Alimentos: Não ofereça nada pesado para a criança. O jantar deve ser feito no máximo até duas horas antes de ir para a cama. Invista nos alimentos que ajudam a induzir o sono, como leite, banana, aveia, brócolis, etc.
  • Quarto é para dormir: Muitas crianças não associam o quarto com dormir e sim com brincar. Procure achar outro local para os brinquedos e reserve o quarto apenas para a hora de dormir.

“Sono com qualidade significa saúde para a criança e equilíbrio para a família”, finaliza a Dra. Andrea.


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