Postado em 21 de setembro de 2017 no Hidrocefalia, Neurocirurgia, Neurologia

Será mesmo Alzheimer?

Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN) atinge pessoas idosas e pode ser confundida com Doença de Alzheimer

Dificuldade em caminhar, incontinência urinária e perda da memória são sintomas muito comuns da Doença de Alzheimer, a mais conhecida das demências. Porém, também é considerada a tríade de sintomas de uma síndrome neurológica complexa, pouco conhecida pela população em geral: a Hidrocefalia de Pressão Normal (HPN).

A HPN ocorre devido à desregulação da produção do líquor cefalorraquiano (LCR) e da capacidade do cérebro de reabsorvê-lo. Essa condição leva ao acúmulo de líquor dentro dos ventrículos, cavidades cerebrais por onde a substância flui. O aumento dos ventrículos é chamado de ventriculomegalia.

Segundo o neurocirurgião, Dr. Iuri Weinmann, o aumento da quantidade de líquido dentro da caixa craniana comprime o cérebro de dentro para fora, o que altera o funcionamento normal dos neurônios, causando os sintomas. “Os primeiros sinais da HPN podem passar despercebidos, já que pessoas acima dos 60 anos têm risco aumentado para quedas. Nota-se que as quedas ficam mais frequentes e são acompanhadas de outros sintomas, como esquecimento, desorientação, lentificação do pensamento e apatia e, por último, a incontinência urinária”, comenta o médico.

HPN é uma doença insidiosa
A HPN é uma doença que se instala vagarosamente, ou seja, de forma insidiosa. O primeiro sintoma costuma ser a alteração da marcha. A pessoa pode começar a ter dificuldades para subir ou descer escadas, levantar-se de uma cadeira, deitar-se na cama, como também sente-se mais cansada ao caminhar.

Dr. Iuri explica que as mudanças na cognição costumam aparecer depois das alterações da marcha. “Há uma perda progressiva da atenção, memória e concentração. A pessoa começa a se esquecer de coisas do dia a dia e pode ficar desorientada. A incontinência urinária se manifesta nos estágios mais avançados da HPN”.

Diagnóstico diferencial
Como a apresentação clínica tem sintomas em comum com outras patologias, o médico precisa descartar todas as outras hipóteses diagnósticas, incluindo doença de Alzheimer, Mal de Parkinson, Acidente Vascular Cerebral, entre outras. Além do exame clínico, o médico pode solicitar tomografia computadorizada, ressonância magnética, eletroencefalograma e punção de lombar para análise do líquor.

Outro exame muito importante é o LCR (líquor) com Tap Test. “Faz-se a punção lombar e retira-se um grande volume do líquor, cerca de 40 ml. Avaliamos o estado clínico antes e depois do procedimento. Se houver melhora dos sintomas, há indicação para a colocação da derivação ventrículo peritoneal. Trata-se de uma válvula que irá retirar o excesso de líquido do crânio e direcioná-lo para a cavidade abdominal”, explica Dr. Iuri.

“Atualmente, devido ao avanço das técnicas da neurocirurgia, é possível tratar a HPN por meio da cirurgia endoscópica, chamada terceiroventriculostomia endoscópica. O objetivo do procedimento é melhorar o fluxo liquórico sem a implantação de uma prótese”, comenta o neurocirurgião, que é especialista em neurocirurgia endoscópica.

Para finalizar, Dr. Iuri afirma que o diagnóstico precoce da HPN é fundamental para melhorar a chance do paciente responder aos tratamentos. Além disso, não é preciso esperar a manifestação de todos os sintomas para procurar um médico, já que apenas 30% dos casos apresentam a tríade completa (déficit de marcha, demência e incontinência urinária).

Alterações importantes na marcha, seguidas de lentificação do pensamento devem ser investigadas o quanto antes, sendo que os resultados são melhores quando a intervenção ocorre nos primeiros seis meses da identificação do comprometimento das funções mentais


Deixe um comentário

WeCreativez WhatsApp Support
Fale conosco ou agende sua consulta através do WhatsApp!
👋 Olá! Como podemos te ajudar?