Dengue contraída pela segunda vez aumenta risco de problemas como encefalite

Casos da doença  aumentaram mais de 764% no Mato Grosso do Sul em comparação ao primeiro trimestre de 2018

Segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Saúde, o Mato Grosso do Sul ocupa o terceiro lugar no ranking de casos de dengue no Brasil. Até o momento, cinco mortes foram confirmadas, incluindo a de uma criança de 11 anos. Para se ter uma ideia, o número de notificações de casos da doença nos três primeiros meses do ano já é 764% maior do que os números registrados em 2018.

A dengue é uma virose, transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti. Isso quase todo mundo sabe ou já ouviu falar. Entretanto, o que poucas pessoas têm conhecimento é que a dengue pode ser contraída mais de uma vez!

E é exatamente esta característica que torna a doença preocupante. Isto porque quadros prévios de dengue aumentam o risco de o vírus afetar o sistema nervoso central (SNC), levando à condições como a encefalite (inflamação no cérebro) ou à mielite (inflamação da medula espinhal), por exemplo.

De acordo com a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, a epidemia de dengue que ocorre em Mato Grosso do Sul é do vírus DEN2. “Quando a pessoa contraí o vírus pela primeira vez, ela se torne imune a ele. Porém, quando contraí pela segunda vez, a doença pode ser mais agressiva. Os vírus DEN2 e DEN3 podem ultrapassar a barreira que protege o SNC. Isso explica porque alguns quadros podem evoluir para encefalite, meningite e polineuropatia”, diz a médica.

Alerta aos sintomas
Alguns estudos mostram que a evolução da dengue para doenças que afetam o sistema nervoso é mais prevalente em pacientes que já tiveram a doença. Assim, se este é o seu caso, é preciso ficar atento aos sintomas, que podem ser diferentes das manifestações típicas da doença. Estima-se que de 1 a 5% dos casos de DEN2 e DEN3 podem evoluir para doenças neurológicas.

“O vírus pode provocar inflamações como a mielite (infecção da medula espinhal) ou a encefalite, assim como provocar uma reação imunológica no organismo levando a outras doenças, como a síndrome de Guillian-Barré, por exemplo”, comenta Dra. Andrea.

Além dos sintomas já bem conhecidos, como febre, dor de cabeça, cansaço, dores nas juntas e atrás dos olhos, os vírus da dengue tipos 2 ou 3 podem se manifestar de outras maneiras. “Quando há encefalite, por exemplo, a pessoa pode sofrer convulsões, ter uma redução da consciência, sentir muito sono e perder a força em um dos lados do corpo. Na mielite, o paciente pode até mesmo perder a capacidade de andar”, reforça a especialista.

Dor abdominal em crianças é urgência médica
Dra. Andrea explica que dor abdominal e vômitos são sinais de atenção, principalmente em crianças com menos de quatro anos. “Estes sintomas são critérios para internação do paciente. Mesmo que a criança ou até mesmo o adulto não tenha febre, mas apresente este quadro, o ideal é internar para impedir uma evolução mais crítica da dengue”, comenta a neurologista infantil.

O que fazer?
Pessoas que já contraíram a dengue e apresentam os sintomas, mesmo os mais conhecidos, devem procurar um pronto-atendimento ao apresentar qualquer sinal de comprometimento do sistema nervoso central. Dor abdominal forte e vômitos também são sinais de atenção para agravamento do quadro da dengue. “O ideal é procurar o pronto-socorro para uma avaliação e exames”, reforça Dra. Andrea.

Prognóstico
“Em geral, a encefalite e a mielite por dengue costumam ter um bom prognóstico. Porém, complicações podem ocorrer caso a doença evolua para outras condições, como os casos de Guillain-Barrè associados à dengue.

“Quando houver a suspeita de que o vírus invadiu o sistema nervoso central, recomenda-se a avaliação por um neurologista, além de exames como eletroencefalograma e tomografia de crânio”, encerra Dra. Andrea.


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